O Cotidiano do Soteropolitano: Os Modelos de
Atenção
Modelos de Atenção à saúde são
combinações de conhecimentos associados às técnicas necessários para solucionar
os problemas de saúde da população e intervir nos determinantes sociais da
saúde1. Eles não se referem apenas a uma forma de organizar os
serviços, pois compreendem três dimensões: A gerencial que trata da
reorganização das ações e serviços; a organizativa que refere-se as relações
entre as unidades de prestação de serviços, e por fim a dimensão técnica que é
o conjunto de relações mediadas entre o saber, a tecnologia e os indivíduos durante
o processo de trabalho em saúde1.
Apartir deste entendimento pode-se
analisar quais modelos presentes na realidade de Salvador. Segundo Paim apud
Ligia Giovanella no Brasil existem modelos predominantes –Modelo médico
hegemônico e o sanitarista – e propostas
alternativas. 2
O modelo médico hegemônico está
voltado para demanda espontânea e tem como características fundamentais a
ênfase no biologismo, na medicina curativa, de especialidades e nos serviços
especializados, sobretudo os hospitalares. Já o modelo sanitarista tem sido a
principal forma de intervenção utilizada pela saúde pública. É centrado no
saber biomédico e busca responder aos problemas e necessidades em saúde através
dsa ações campanhistas (vacinação, erradicação de endemias etc), de programas
(hiperdia, diabetes, cegonha etc) e das ações de vigilância sanitária e
epidemiológica2.
Com relação às propostas alternativas,
observa-se que na prática cotidiana de Salvador são utilizados características
de modelos distintos. Isso tem ocorrido em virtude de atender as mais diversas
necessidades e demandas, o que por sua vez, requer uma diversidade de modelos
assistenciais que subsidiem estas práticas. Nessa perspectiva, verifica-se
ações de saúde são pautadas, sobretudo, transversalizando a promoção da saúde,
nos modelos em defesa da vida, nas ações programáticas em saúde, vigilância da
saúde e na oferta organizada. Estes serão exemplificados a seguir:
Modelo em Defesa da Vida – foi
desenvolvido em São Paulo na década de 90. Seu objetivo é realizar micro
mudanças que culminem em novas relações entre os gestores, trabalhadores e
usuários dos serviços com vistas a fortalecer a autonomia e a reconstrução das
subjetividades. Muito visto na Bahia através do estímulo as rodas de discussão,
de apoio institucionalizado da tecnologia de gestão e das linhas de cuidado que
priorizam o acolhimento e a formação de vínculo entre esses atores1.
Ações programáticas em saúde –
Utiliza a programação para transformar os processos de trabalho na saúde no
interior das unidades de saúde. Importante salientar que considera as
necessidades e demandas em saúde e suas ações normalmente são baseadas em
grupos populacionais específicos. Muito frequente na Bahia, utilizado,
sobretudo, para organizar as ações dos programas propostos pelo Ministério da
Saúde (MS). 1
Vigilância da Saúde – sua base
conceitual foi originada dos sistemas locais de saúde (Distritos Sanitários)
englobando ainda conceitos do planejamento estratégico-situacional, da promoção
da saúde e da geografia de Milton Santos. Proposta muito forte na Bahia cujo
objetivo é elaborar práticas integrais. Realiza, portanto, uma releitura
histórica do modelo de história natural das doenças e incorpora diversas ações
de saúde como a análise do controle de causas, de riscos e danos, sobretudo, no
ambiente no território-processo. Segundo Paim este modelo não só sugere a
integração entre as vigilâncias, assistência médica e as políticas públicas,
como também aponta para uma possível superação dos modelos hegemônicos. 1
O Cotidiano do Soteropolitano:
Estratégia de Mudança do Modelo Assistencial
A Estratégia de Saúde da Família tem
sido o instrumento utilizado pelo Ministério da Saúde para modificar o modelo
médico hegemônico. Cumpre o objetivo de promover a reorientação das ações através
da promoção da saúde das famílias. Sua conformação também prioriza a
organização sistêmica, a composição multiprofissional das equipes, planejamento
através de informações epidemiológicas e a integralidade das práticas de saúde
num território definido no âmbito da Atenção Básica (AB).1,3
Esta estratégia é bastante divulgada na Bahia, entretanto, ainda precisa
ser ampliada. A análise mais criteriosa acerca da cobertura é feita a seguir. Percebe-se
que a ESF possui uma perspectiva vasta para a promoção da saúde, contudo,
algumas limitações precisam ser melhoradas para conferir melhor capacidade de
resposta as necessidades da população. Lodi, Tagliari e Moretto4
identificam que estas limitações podem ser relacionados à equipe, à comunidade
e à estrutura administrativa. No primeiro caso foram identificadas a falta de profissionais
preparados para atuar no SUS e dificuldade de atuar em equipe
multiprofissional. No segundo a dificuldade dos usuários compreenderem e
aceitarem as ações e objetivos do programa. E por último, na estrutura
administrativa os principais problemas se referiram a falta de perfil e
identificação dos coordenadores e falta de flexibilidade para com os
trabalhadores. Para algumas destas dificuldades a Bahia avança já que tem lançado mão de instrumentos para
saná-las como a formação mais voltada ao SUS equipes e dos estudantes e etc.
4
Percebe-se que, nesta realidade soteropolitana, coexistem diversos modelos de atenção à saúde e que esforços tem sido realizados no sentido e ofertar ações e serviços de saúde
de forma integral para sua população de forma geral. Porém, são necessários mais esforços no que tange
investimentos e na reorientação das práticas e ações de saúde, sobretudo na
atenção básica. Nesse sentido o fortalecimento da grande política pública
reordenadora, a ESF, é importante para caminhar rumo a garantia da eficácia
eficiência e efetividade do sistema.
Referências
1. TEIXEIRA, C.F; SOLLA, J.P. Modelos de Atenção à Saúde: Promoção,
Vigilância e Saúde da Família.Salvador: EDUFBA, 2006.
2.GIOVANELLA, L. Políticas e Sistema
de Saúde no Brasil.. Rio de Janeiro: Fiocruz.
3. MOROSINI, M.V.G.C; CORBO, A.D. Coleção Educação
Profissional e Docência em Saúde: a formação e o trabalho do agente comunitário
de saúde. Rio
de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio.
4. LODI, D.L.P; TAGLIARI, M.H;
MORETTO, E.F.S. Limites e
possibilidades do trabalho em equipe no programa saúde da família. Boletim da Saúde. Porto Alegre, Julho/Dezembro 2003.
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