sexta-feira, 4 de abril de 2014

Modelos de Atenção a Saúde em Salvador e a Estratégia de Reorientação do Modelo Assistencial


O Cotidiano do Soteropolitano: Os Modelos de Atenção

Modelos de Atenção à saúde são combinações de conhecimentos associados às técnicas necessários para solucionar os problemas de saúde da população e intervir nos determinantes sociais da saúde1. Eles não se referem apenas a uma forma de organizar os serviços, pois compreendem três dimensões: A gerencial que trata da reorganização das ações e serviços; a organizativa que refere-se as relações entre as unidades de prestação de serviços, e por fim a dimensão técnica que é o conjunto de relações mediadas entre o saber, a tecnologia e os indivíduos durante o processo de trabalho em saúde1.
Apartir deste entendimento pode-se analisar quais modelos presentes na realidade de Salvador. Segundo Paim apud Ligia Giovanella no Brasil existem modelos predominantes –Modelo médico hegemônico e o sanitarista –  e propostas alternativas. 2
   O modelo médico hegemônico está voltado para demanda espontânea e tem como características fundamentais a ênfase no biologismo, na medicina curativa, de especialidades e nos serviços especializados, sobretudo os hospitalares. Já o modelo sanitarista tem sido a principal forma de intervenção utilizada pela saúde pública. É centrado no saber biomédico e busca responder aos problemas e necessidades em saúde através dsa ações campanhistas (vacinação, erradicação de endemias etc), de programas (hiperdia, diabetes, cegonha etc) e das ações de vigilância sanitária e epidemiológica2.
Com relação às propostas alternativas, observa-se que na prática cotidiana de Salvador são utilizados características de modelos distintos. Isso tem ocorrido em virtude de atender as mais diversas necessidades e demandas, o que por sua vez, requer uma diversidade de modelos assistenciais que subsidiem estas práticas. Nessa perspectiva, verifica-se ações de saúde são pautadas, sobretudo, transversalizando a promoção da saúde, nos modelos em defesa da vida, nas ações programáticas em saúde, vigilância da saúde e na oferta organizada. Estes serão exemplificados a seguir:
Modelo em Defesa da Vida – foi desenvolvido em São Paulo na década de 90. Seu objetivo é realizar micro mudanças que culminem em novas relações entre os gestores, trabalhadores e usuários dos serviços com vistas a fortalecer a autonomia e a reconstrução das subjetividades. Muito visto na Bahia através do estímulo as rodas de discussão, de apoio institucionalizado da tecnologia de gestão e das linhas de cuidado que priorizam o acolhimento e a formação de vínculo entre esses atores1.
Ações programáticas em saúde – Utiliza a programação para transformar os processos de trabalho na saúde no interior das unidades de saúde. Importante salientar que considera as necessidades e demandas em saúde e suas ações normalmente são baseadas em grupos populacionais específicos. Muito frequente na Bahia, utilizado, sobretudo, para organizar as ações dos programas propostos pelo Ministério da Saúde (MS). 1
Vigilância da Saúde – sua base conceitual foi originada dos sistemas locais de saúde (Distritos Sanitários) englobando ainda conceitos do planejamento estratégico-situacional, da promoção da saúde e da geografia de Milton Santos. Proposta muito forte na Bahia cujo objetivo é elaborar práticas integrais. Realiza, portanto, uma releitura histórica do modelo de história natural das doenças e incorpora diversas ações de saúde como a análise do controle de causas, de riscos e danos, sobretudo, no ambiente no território-processo. Segundo Paim este modelo não só sugere a integração entre as vigilâncias, assistência médica e as políticas públicas, como também aponta para uma possível superação dos modelos hegemônicos. 1  

O Cotidiano do Soteropolitano: Estratégia de Mudança do Modelo Assistencial
     
A Estratégia de Saúde da Família tem sido o instrumento utilizado pelo Ministério da Saúde para modificar o modelo médico hegemônico. Cumpre o objetivo de promover a reorientação das ações através da promoção da saúde das famílias. Sua conformação também prioriza a organização sistêmica, a composição multiprofissional das equipes, planejamento através de informações epidemiológicas e a integralidade das práticas de saúde num território definido no âmbito da Atenção Básica (AB).1,3

   Esta estratégia é bastante divulgada na Bahia, entretanto, ainda precisa ser ampliada. A análise mais criteriosa acerca da cobertura é feita a seguir. Percebe-se que a ESF possui uma perspectiva vasta para a promoção da saúde, contudo, algumas limitações precisam ser melhoradas para conferir melhor capacidade de resposta as necessidades da população. Lodi, Tagliari e Moretto4 identificam que estas limitações podem ser relacionados à equipe, à comunidade e à estrutura administrativa. No primeiro caso foram identificadas a falta de profissionais preparados para atuar no SUS e dificuldade de atuar em equipe multiprofissional. No segundo a dificuldade dos usuários compreenderem e aceitarem as ações e objetivos do programa. E por último, na estrutura administrativa os principais problemas se referiram a falta de perfil e identificação dos coordenadores e falta de flexibilidade para com os trabalhadores. Para algumas destas dificuldades a Bahia avança já  que tem lançado mão de instrumentos para saná-las como a formação mais voltada ao SUS equipes e dos estudantes e etc. 4
Percebe-se que, nesta realidade soteropolitana, coexistem diversos modelos de atenção à saúde e que esforços tem sido realizados no sentido e ofertar ações e serviços de  saúde  de forma integral para sua população de forma geral. Porém, são necessários mais esforços no que tange investimentos e na reorientação das práticas e ações de saúde, sobretudo na atenção básica. Nesse sentido o fortalecimento da grande política pública reordenadora, a ESF, é importante para caminhar rumo a garantia da eficácia eficiência e efetividade do sistema.

Referências
1. TEIXEIRA, C.F; SOLLA, J.P. Modelos de Atenção à Saúde: Promoção, Vigilância e Saúde da Família.Salvador: EDUFBA, 2006.
  
2.GIOVANELLA, L. Políticas e Sistema de Saúde no Brasil.. Rio de Janeiro: Fiocruz.
  
3. MOROSINI, M.V.G.C; CORBO, A.D.  Coleção Educação Profissional e Docência em Saúde: a formação e o trabalho do agente comunitário de saúde. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio.
  
4. LODI, D.L.P; TAGLIARI, M.H; MORETTO, E.F.S. Limites e possibilidades do trabalho em equipe no programa saúde da família. Boletim da Saúde. Porto Alegre,  Julho/Dezembro 2003.

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